docinhos

Quase tudo é mais legal espetado num palito – Mini Alfajores

Uma das coisas mais legais de ter blog de comida é o seguinte: suas amigas, e os familiares de suas amigas, mandam receitas pra você. Numa dessas, acabou chegando às minhas mãos uma verdadeira relíquia de família, um livro de receitas bem antigo, argentino, chamado “El Libro de Doña Petrona”, presente da minha amiga Caroline Figueiredo.

Não conhecia a tal Doña Petrona, e fui atrás de conhecer: verdadeiro fenômeno cultural, Petrona C. de Gandulfo começou sua carreira de culinarista nos anos 40 ensinando a Argentina a cozinhar nos “modernos” fogões a gás e conquistou rádio, televisão e revistas. Este livro que eu ganhei, com suas 701  páginas de receitas, é ainda um dos mais vendidos na terra do tango, mais de 70 anos depois de sua primeira publicação.

Me apaixonei pelo livro, principalmente depois que passei os olhos pela dedicatória, olha só:

“Com essa obra quero ajudar de todo coração às donas de casa, porque sei que desejam sempre brindar seus lares com as coisas mais deliciosas que puderem fazer para seus entes queridos.”

Fica aqui minha homenagem a ela na forma desses pequenos alfajores – e como quase tudo fica mais legal espetado num palito, espero que Doña Petrona não se importe de ter transformado a receita dela em pirulitos.

Alfajores (receita adaptada do “El Libro de Doña Petrona” e do site utilisima.com) – rende 30 mini alfajores

Para decorar os alfajores, eu usei transfers para chocolate, à venda em lojas especializadas para confeitaria – é só cortar um pedaço do papel com o transfer e aplicar sobre o alfajor com o chocolate ainda fluido. Retire quando endurecer. Para fazer os pirulitos, usei palitos próprios, mas podem ser de madeira também – basta introduzir no recheio de doce de leite antes de banhar.

Ingredientes para a massa

  • 90g de manteiga sem sal, em temperatura ambiente
  • 70g de açúcar
  • 1 colher de sopa de mel
  • 1/2 colher de sopa de raspas de casca de laranja
  • 1 ovo
  • 180g de farinha de trigo
  • 1 colher de sopa de cacau em pó
  • 1/2 colher de chá de sal
  • 1/2 colher de chá de fermento em pó

Para o recheio

  • 1 xícara de doce de leite (se for argentino, melhor)

Para cobrir

  • 300g de chocolate ao leite

Faça a massa: Numa tigela grande, bata a manteiga, o açúcar, o mel e o ovo até virar um creme. Junte a casca de laranja e peneire os ingredientes secos sobre o creme. Misture muito bem (vai ficar uma massa firme, porém meio pastosa). Embrulhe em plástico filme e leve à geladeira por uma hora para firmar. Enquanto isso, preaqueça o forno a 200° e forre duas assadeiras com papel manteiga.

Numa superfície de trabalho polvilhada com farinha de trigo, abra a massa até fica com 0,5cm de espessura. Corte em rodelas com um cortador de 3cm de diâmetro, se for fazer mini alfajores, ou de 6cm se quiser dos grandes, e transfira para as assadeiras preparadas. Asse por 8 a 10 minutos, mas não é preciso deixar dourar. Os biscoitinhos ficam secos, porém macios. Deixe esfriar na assadeira.

Montagem: Aplique uma colher de café cheia de doce de leite em metade dos biscoitos. Se for fazer pirulitos, coloque os palitos sobre o doce de leite e cubra com a outra metade dos biscoitos que sobraram.

Forre uma superfície de trabalho com papel manteiga e corte a folha de transfer, se for usar.

Derreta e tempere o chocolate. Com a ajuda de um garfo, banhe os alfajores e escorra o excesso – não segure pelo palito do pirulito, pois nesse estágio somente o doce de leite não sustenta o doce o suficiente para banhar. Apóie os alfajores sobre o papel manteiga, aplique o transfer em cada um e deixe secar em temperatura ambiente por pelo menos 30 minutos para retirar. Guarde em recipiente vedado por até 4 dias.

Ganhei essa caixa linda em estilo provençal da artista plástica Célia Regina Freitas e achei que combinava perfeitamente com um presente para maternidade ou batizado – quem quiser o contato dela pode me mandar um email, ok?

Quindins da Vó Da Lena

Quindim, eu acho esse nome tão bonitinho… E é um dos meus doces favoritos, se é que isso existe.

Doce de festa, porque pra juntar trocentas gemas e ralar um coco fresco, só em ocasiões especialíssimas, né? É curioso pensar que dos trabalhosos doces de antigamente, o quindim seja um dos poucos que tenham sobrevivido e seja ainda corriqueiro hoje em dia. Deve ser porque é DELICIOSO, e nem a praticidade das receitas modernas conseguiu exterminar essa maravilha amarelinha.

Quando eu perguntei pazamiga do twitter o que fazer com uma montanha de gemas que estavam dando sopa na cozinha, tive 20 replies, e todos diziam quindim. Não precisava pedir duas vezes: eu já estava mega de olho na receita da @LenaGasparetto, receita da avó dela, D. Victória.

Quindins da Vó da Lena – como fiz a receita exatamente como a Lena manda, vou transcrever o texto dela aqui, com as minhas observações em negrito.

Tempo de preparo: 1 hora e 15 mais tempos de resfriamento
Porções: Dependo dos tamanhos das forminhas (usei forminhas grandes e obtive 14 quindins)

Ingredientes:

  • 2 xícaras de coco fresco ralado
  • ½ kg de açúcar
  • 1 1/2 xícara de água
  • 2 cravos
  • 1 pauzinho de canela
  • 1/3 de colher de chá de sal
  • 2 colheres de sopa de manteiga (colheres-medidas, niveladas) (esqueci de colocar, mas deu certo também)
  • 2 colheres de chá de baunilha
  • 18 gemas passadas na peneira
  • Manteiga derretida e açúcar para untar as forminhas ou glucose de milho (vide “Dicas da Lena)

Preparo:

Numa panela, coloque ½ kg de açúcar, a água, os cravos, a canela e o sal.
Leve para ferver, sem mexer a calda (mas com um pincel de silicone molhado, pincelando as bordas internas da panela para não formar cristais de açúcar), até o ponto de “pano” (ou ponto de fio forte também dá certo) – cerca de 7 minutos de fervura.
Passe as gemas na peneira; acrescente a baunilha e reserve numa tigela.
Retire do fogo, coloque a manteiga e espere a calda amornar.
Descarte os cravos e a canela.
Junte o coco fresco ralado, e as gemas com a baunilha.
Mexa delicadamente com uma espátula de borracha até misturar.
Pré-aqueça o forno a 180°.
Leve uma chaleira ao fogo para ferver a água do banho-maria.
Unte com manteiga derretida e polvilhe com açúcar, cerca de 20 forminhas de quindins (mas atenção: a quantidade varia muito conforme o tamanho das forminhas)
Disponha-as numa assadeira, e com uma concha pequena, encha 2/3 de cada forminha com a mistura. (fique atento para distribuir igualmente o coco entre todos os quindins)
Leve ao forno pré-aquecido, e com muito cuidado, despeje 1 cm de altura de água fervente entre as forminhas para assá-las em banho-maria.
O tempo é cerca de 30 minutos para assar, mas depende muito da temperatura do forno e dos tamanhos das forminhas.
O certo é enfiar um palito, e quando sair limpo, estará pronto.
Retire as forminhas da assadeira e deixe amornar numa grade ou em outra superfície.
Quando estiverem quase frios, desenforme os quindins com a ajuda de uma faquinha de ponta, girando delicadamente com a ponta dos dedos para que ele não se danifique, ao retirar das forminhas.

Sirva gelados ou em temperatura ambiente

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DICAS DA LENA:

– Eu prefiro untar as forminhas com glucose de milho, para dar mais brilho.
– Pode usar a glucose transparente e mais firme, à venda em lojas de artigos para confeitaria ou o Karo.
– No primeiro caso, dilua num pouquinho de água e leve ao microondas apenas para aquecer e misture com uma colher, para dar ponto de espalhar.
– No caso do Karo, aqueça numa tigelinha do micro cerca de 1/15 segundos no micro, para dar consistência de pincelar.
– Nesses ambos casos, a manteiga derretida não é necessária.
– Se não tiver coco fresco, pode usar um pacote de 100 grs., de coco seco, hidratado em 1/3 de xícara de água, aguardando uns 10 minutos para a hidratação. Mas sempre lembrando que coco fresco dá um resultado mais macio!
– Quindins são deliciosos, mas requerem um pouco de prática.
E é pra isso que estamos aqui, não? Para experimentarmos até o nosso resultado ideal!

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